Roma, aula viva de história

É de Roma que herdamos nosso idioma: do latim, surgiu o português,  o espanhol, o francês e o italiano. É por causa dos imperadores romanos que chamamos o mês de julho de julho, e agosto de agosto, graças ao narcisismo de Júlio César e César Augusto. Aliás, foi o imperador Júlio César quem criou o ano bissexto, quando determinou que o ano teria 365 dias e um quarto. A arquitetura e a inspiração para a legislação aplicada em tantos países do mundo vem da Roma milenar. Ela atravessou a história da humanidade como monarquia, república e império, com seus altos e baixos, escândalos e glórias. Passou de perseguidora e assassina de cristãos a “sede do cristianismo”. Dominou povos, conquistou terras, marcou a história, para o bem e para o mal.

E então,  milhares de anos depois, ao admirarmos construções como o Coliseu, o Pantheon, e tantas outras, ainda somos capazes de ver tudo o que aconteceu através dos olhos da imaginação. Um giro na capital da Itália te faz entrar nos livros, aqueles tão revisados na época da escola, lembra? “Então foi aqui que…” – e aí você completa a frase com o acontecimento estudado nas aulas de história.

Então foi aqui que aconteciam os espetáculos, as lutas de gladiadores e a execução de pessoas por animais selvagens…

A estrutura passou por terremotos e saques, mas sua restauração é constante para ser mantida em pé.
A estrutura passou por terremotos e saques, mas sua restauração é constante para ser mantida em pé.

O Coliseu, ou Colosseu, inaugurado em 80 d.C., é símbolo do Império Romano e uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Na época de sua inauguração, a sociedade acabara de passar pela erupção do Vesúvio, um grande incêndio e um surto de peste, e então foi logo aplicada a política do pão e circo, com 100 dias de atrações (entre jogos, lutas mortais e ataques de animais selvagens a humanos) para entreter a população, fazendo-a esquecer dos desastres sociais e políticos. Até isso herdamos da Roma antiga.

Arco de Constantino
Arco de Constantino

Ao redor do Coliseu, você pode ver o Arco de Constantino, uma estrutura construída em comemoração ao triunfo do imperador Constantino em uma batalha em 312 d.C. Diz-se que a vitória foi devido à uma visão divina que o imperador teria tido antes da batalha, de uma cruz sob a afirmação de que a batalha seria ganha por aquele símbolo (que é o símbolo do cristianismo). Após a vitória, em 313, o imperador então demonstrou simpatia aos cristãos concedendo liberdade religiosa, o que foi o pontapé para que, em 380, o cristianismo se tornasse a religião oficial.  E de perseguidor do cristianismo, o Império passou a perseguidor do paganismo. Os arcos, aliás, viraram moda pós batalha ganha, e influenciou inclusive o Arco do Triunfo, na França.

Então foi aqui onde acontecia a vida pública da Roma Imperial…

O Fórum Romano, ou Foro Romano, com entrada logo ao lado do Coliseu, é nada mais nada menos o coração do Império Romano. Era ali onde tudo acontecia, entre discursos políticos, assuntos comerciais, manifestações religiosas, cerimônias de triunfo em batalhas, e disputa de gladiadores. Para entrar, você pode usar o mesmo ingresso pago para visitar o Coliseu (€12 por pessoa), e o ingresso vale por 2 dias. Dica: não repita a nossa estupidez. Saímos tarde de casa, visitamos o Coliseu, paramos pra gravar um vídeo e, às 15:45 estávamos prontos pra visitar o Foro; porém só se entra até às 15:30. Como consolação, é possível ver parte das ruínas pelo lado de fora, ao longo da avenida principal que liga o Coliseu ao Monumento Vittorio Emanuelle II.

Monumento Vittorio Emanuelle II, projetado em 1885.
Monumento Vittorio Emanuelle II, projetado em 1885.

Este monumento, conhecido pelos italianos sarcasticamente como Máquina de Escrever, e pelos estrangeiros como Bolo de Noiva, foi construído como celebração à unificação da Itália (em 1861), e leva o nome do primeiro rei da Itália unificada, Vittorio Emanuelle II. Gigantesco, branco, pomposo, a construção abriga o museu da Unificação Italiana e uma vista panorâmica.

Então, quer dizer que a Itália como um país unificado só existe há pouco mais de 150 anos? Exato. Antes disso, a península era dividida em vários reinos, governados por famílias reais da Áustria e da França, além da Igreja Católica. Movimentos populares liderados pelo revolucionário Giuseppe Garibaldi (aquele, que também esteve à frente da Revolução Farroupilha no Brasil) concederam à terra do macarrão sua unificação. Porém, a igreja católica só teria reconhecido o Estado Italiano em 1929 (quase 60 anos depois), em troca da criação do Estado do Vaticano e indenizações por “perdas territoriais”.

Céu psicodélico em Vatican City
Céu psicodélico em Vatican City

O menor país do planeta, o Vaticano, pode ser facilmente visitado por quem vai a Roma – basicamente sua majestosa catedral (Basílica di San Pietro – entrada gratuita) sua grande praça e seu museu (onde está situada a Capela Sistina, entrada €16).

Pertinho do Vaticano fica o Castel Sant’Angelo (entrada  €10),  projetado como mausoléu para o imperador Adriano e sua família, e hoje é também museu. Ele fica bem em frente ao rio Tevere (ou Tibre), o charmoso rio que corta a cidade.

Tevere, lindo no verão, charmoso no inverno
Tevere, lindo no verão, charmoso no inverno

Seguindo o curso do rio, você encontra o bairro chamado Trastevere, cheio de bares, restaurantes, pequenas lojinhas de pizza, pães, doces… Encantador não só por isso, mas por suas ruas estreitas – a maioria só para pedestres – suas pequenas construções e becos. Almoçar, jantar ou apenas tomar um café (pra quem gosta) ali é uma dica que eu daria sem dúvidas sobre o que fazer em Roma.

Então este é o monumento mais bem conservado do Império Romano…

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Sim, o Pantheon é tão inteiro e bonito que não parece uma construção que passou por um incêndio que quase o destruiu e que sobrevive há mais de 2 mil anos. Construído inicialmente em 27 a.C., após o incêndio ele foi reerguido pelo imperador Adriano e é até hoje o maior domo (cúpula) de concreto não reforçado do mundo – deslumbrante, por sinal. A entrada é gratuita.

A incrível cúpula do Pantheon
A incrível cúpula do Pantheon

É tanto pra se ver, admirar e aprender em Roma que um post de repente me parece pequeno. Alguns outros lugares imperdíveis, interessantes ou legais para visitar:

Piazza NavonaFontana di Trevi

Uma pertinho da outra, as duas “atrações” são ícones de Roma. A Piazza Navona é talvez a praça mais famosa – quem sabe pelo seu tamanho, suas fontes de água e sua localização provilegiada. Já a Fontana di Trevi (bem pertinho da Navona e do Pantheon) é o ponto mais badalado (ou seria lotado?) entre turistas. Não se intimide pela quantidade de gente, dá pra apreciá-la tranquilamente apesar disso. É uma fonte bem grande para o tamanico de praça onde ela foi inserida, e não importa a época – se verão ou inverno – ou se com sol, com chuva, de manhã ou à noite, ela estará cheia de gente tomando gelato, tirando fotos e jogando moedinhas. Diz a lenda que se você jogar uma moeda na fonte, certamente tornará um dia à Roma. Na dúvida, jogue! 🙂

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Vale visitar a Fontana di Trevi tanto de dia quanto à noite
Piazza Navona
Piazza Navona

Piazza Spagna 

Ela estava em reforma, mas resolvi incluí-la aqui porque é outra praça famosinha de Roma. O cartão postal da praça é uma enorme escadaria que chega até a igreja Trinità dei Monti. As ruas que chegam até ela são cheias de lojas de grife; mesmo que você não vá comprar nada, é interessante caminhar por ali e ver o movimento de tanta gente. Ah, o nome da praça é devido à sede da embaixada da Espanha ser justo ali.

Bocca della Verità (entrada gratuita)

Uma antiga lenda conta que a Bocca della Verità (Boca da Verdade) funciona como um detector de mentiras. Simples: se, ao enfiar a mão na boca da escultura, disser uma verdade, sairás ileso. Se disser uma mentira, terás a mão engolida pela boca de pedra. Por ali só vi gente sincera.

Passei no teste \o/
Passei no teste \o/

Nas aulas de canto que tomei há anos, minha professora passava um aquecimento vocal que dizia: Roma é grande, Roma é bela. De fato! Tão grande e tão bela que peço desculpas se deixei passar qualquer informação aqui. 🙂 Se você tiver algo mais a adicionar, deixa aqui nos comentários! Até!

6 comentários em “Roma, aula viva de história”

  1. Ótima! Só achei que em “Os arcos, aliás, viraram moda pós batalha ganha, e influenciou inclusive o Arco do Triunfo, na França.” faltou citar o arco da cidade de Sobral! uahuahua O Leco deixou passar? 😛

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  2. Maravilhosa aula de história e belíssimas fotos!!! como sugestão: em outro post você pode falar sobre aquelas duas “scaleras” que visitamos quando estivemos aí, lembra? Na época uma delas estava toda florida pois sempre acontecem eventos de moda nela e fica pertinho daquela fonte em que se pode pegar água para beber, de tão límpida e pura que é!

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