Vamos falar de liberdade

 E se eu te desse uma tarefa: -Coloque tudo o que você possui em uma mala de 32kg e uma mochila de 8kg.

O que você colocaria, e o que deixaria?

Essa tarefa me foi dada por mim mesma. Decidimos levar apenas o necessário, essencial e importante na nossa nova vida viajante. Isso não foi, inicialmente, apenas um propósito de novo estilo de vida, mas principalmente uma solução prática para um casal que vai pular de galho em galho durante, no mínimo, 3 meses. E, para a minha surpresa, o que doei e vendi foi mais que o dobro do que coloquei nas malas, ou seja, mais que o dobro do essencial pra eu viver.

Não me considero uma acumuladora. Ou talvez o tempo verbal seja outro: não me considerava. Com tudo escondido dentro das gavetas e armários, perfeitamente organizado e dividido em categorias, eu me considerava uma pessoa que tem apenas o que é necessário para se viver bem. Até o dia que eu coloquei tudo o que tenho em cima da cama e transformar meu quarto em algo parecido com uma casa atingida por um vendaval. Acredite: nós acumulamos muita coisa desnecessária.

Me senti cansada só de pensar por onde começar, além de, óbvio, desesperada. Desapegar de coisas que você conquistou com o suor do seu trabalho ou coisas que pessoas amadas te presentearam foi uma das tarefas mais difíceis que já me dei. É como se as coisas materiais fizessem parte de você, pois certamente te lembram alguma situação, história ou sentimento quando você olha para a tal coisa. Ao mesmo tempo, foram objetos que 1) estavam velhos pelo tanto que eu usei; 2) coisas que usei 1 vez na vida; ou 3) coisas que “posso precisar um dia”, como um cadeado para bicicleta, sendo que eu NÃO TENHO UMA BICICLETA.

Ao fechar a mala (que literalmente sentei em cima pra passar o zíper), fechar a porta de casa e sair carregando “tudo o que eu tenho a partir de hoje”, me lembrei de duas frases. Uma é da minha amiga Kacy Brubaker, quando está tentada a comprar algo supérfluo ou comer alguma coisa gorda: “eu quero, mas não preciso” (e fim de papo!) A outra é do ex presidente do Uruguai, Pepe Mujica:

“Eu não sou pobre, eu sou sóbrio, de bagagem leve. Vivo com apenas o suficiente para que as coisas não roubem minha liberdade”.

 

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17 comentários em “Vamos falar de liberdade”

  1. sábias palavras, gatona! ô vida feliz aquela que se vive com leveza e liberdade. isso exige tanta coragem da gente, mas no fim vale a pena. vocês estão de parabéns! 🙂

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  2. Isa, não sei se você já conhece esse blog, mas eu os conheci ano passado e, desde então, AMO acompanhá-los(Los pq são dois escritores). Nunca fui muito consumista, mas acho que estou longe de conseguir o que eles conseguiram…Porém, tem sido MUITO interessante esse processo. Uma vida minimalista te deixa mais CHEIO de paz.

    http://www.theminimalists.com/

    :*

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    1. Que legal, Karine! É muito difícil, mas ter colocado isso como meta realmente me deixou mais leve. Hoje mesmo passando pelas ruas eu me peguei pensando: a antiga Isabela compraria isso com certeza… e continuei caminhando feliz da vida 😀

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  3. Amo, amo e amo ler o que você escreve em seus blogs (vc já sabe disso, né?) Mas esse de agora é muito especial e significativo para mim! Naquele, eu curtia feliz cada vez que você postava, pois sabia que dentro em breve você estaria ao meu lado sempre que quisesse e nesse, uma dorzinha lá no fundo do meu peito insiste em me lembrar que, não sei por quanto tempo (infinitos meses), terei que suportar a sua ausência e, mais que isso, o seu cheiro, , seu chamego, seu calor, suas mãos acolhendo as minhas, enxugando minhas lágrimas em horas de tristeza e estresse e fazendo um carinho reconfortante! Você é a pessoa mais sensata, responsável, coerente e sensata para sua idade que eu conheço! Ter você é um enorme presente e eu te amo infinitamente!!!

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    1. Que lindo tia Tine! E é a mais pura verdade. A Isa é a mais sensata e centrada amiga que conheço, vamos ficar aqui acompanhando as aventuras com esses textos inspiradores.
      Amiga, sou sua fã 😙😙😙😙😙!

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  4. Tenho em mim um sentimento estranho sobre essa experiência de vcs. Uma mistura de orgulho por conhecer alguém que finalmente colocou em prática esse sonho tão ousado para a pequena mentalidade dos nossos, e uma invejinha por não fazer isso também. É bem verdade que nunca me ocorreu tamanha aventura, pois tratei de ser mãe, mulher e profissonal muito nova. Mas desde os primeiros “boatos” sobre a viagem de vcs, uma coisa começou a se remexer dentro de mim. Sinto que aos poucos, muito aos pouquinhos, cresce a necessidade de me conhecer de verdade. E isso só é possível, na minha opinião, quando fazemos exatamente o que vcs fizeram: encarar o mundo de corpo e alma limpos, com a mala cheia de disposição e a mente aberta pra aprender muito! Parabéns, primos! Através desse blog pegaremos uma caroninha com vcs!

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    1. Nadja, nunca é tarde pra começar! Claro que com responsabilidades adquiridas, complica um pouco, mas você pode se programar para alguns meses, que seja. Lembro que quando fiz intercâmbio por 3 meses nos estados unidos já foi incrível, uma experiência transformadora!! E precisando de qualquer apoio, estamos aqui 🙂

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  5. Isso que você escreveu me ajudou em duas coisas: arrumar a mala pra viajar daqui 1 mês. Levo muita coisa desnecessária, visto que fico na casa da minha filha e uso as roupas dela e outra coisas. Prometo pra mim mesma que dessa vez vou levar uma mala magrinha. Bateu também a inspiração pra dar uma secada no ap. Doar um monte de coisas que eu acumulo com tanto carinho e cuidado, mas que enche a casa e me da um trabalhão pra manter em ordem. Obrigada pela inspiração e feliz vida nova pra vocês!

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